Luiz Gonzaga

A Obra de Eny Schuch

Em contato com a obra de Eny Schuch estamos diante de uma abordagem oriunda da observação e da sensibiidade. O manuseio do microscópio em uma atividade científica surpreende sua sensibilidade. As formas começam a exercer uma inquietante atração e o trabalho plástico que vinha desenvolvendo sofre uma transformação de conceito. Há uma ruptura e emerge outro mundo formal instigado pela observação sensível.

Os olhos agora percorrem as superfícies e as formas. O microcosmo é levado para dimensões maiores e o que era sugerido começa a se transformar. Começa, então, o estudo da forma e a pesquisa de materiais para maior adequação das propostas formais. É com resina sintética que se proporciona o desenvolvimento do trabalho. Surgem pequenas formas que já indicam, na sua maioria, a preferência pela verticalidade.

As dimensões são aumentadas e aparecem mais detalhes que levam a pensar em raízes aéreas, troncos e cascas de árvores petrificadas. A cor preta percorre sozinha a totalidade das formas valorizando detalhes das superfícies. É neste monocromatismo que percebemos a valorização da superfície proposta pela resina negra. No desenvolvimento do trabalho começa a aparecer a necessidade de ganhar o espaço tridimensional, além da forma vertical. Agora começa a desprender-se do eixo principal, algumas linhas que afastam-se da massa escultórica e voltam novamente a encontrá-la, deixando com o seu desenho uma forma espacial. É a transformação. É o desdobramento da proposta. Da proposta de suas orgânicas colunas negras.

Porto Alegre, 1993.

Luiz Gonzaga Gomes

Artista Plástico e Professor Aposentado do Instituto de Artes/ UFRGS

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